Meus olhos se fecharam aos poucos, uma pequena
gota de suor escorreu da minha testa, vindo diretamente sobre o meu nariz, eu
me curvei lentamente ainda com os olhos fechados para segurar meus pés. Eu
senti uma dor enorme, eu havia torcido meu pé.
Todos olhavam em volta de mim, e perguntavam o
que tinha acontecido, eu não conseguia responder a nada, as vozes iam se
distanciando, eu fui lentamente me arrastando até a árvore mais próxima, lá eu
me encolhi e esperei a dor passar.
Senti um vento gelado sobre minha direção e
uma mão esticou alcançando o meu celular. Era Kathy, que me olhava com seus
olhos verdes brilhando, seus cabelos laranja avermelhados chegavam até as
costas como uma cortina de fogo. Ela tinha a minha mochila em metade de suas
costas, ao seu lado estava o Yuri, com uma expressão esquisita, ele me olhava
sem parar, seus cabelos loiros e lisos eram intactos, ele usava o uniforme da
escola e tinha uma câmera fotográfica em suas mãos. Seus olhos azuis cor do céu,
brilhavam a todo instante sem pausa.
Eu
olhei lentamente de baixo pra cima, peguei o meu celular e sem pensar duas
vezes o coloquei diretamente no bolço da frente da jaqueta. Então a Kathy que
ainda me olhava perguntou.
-O que aconteceu? Por que
você saiu como uma louca largando tudo no chão? Por quê? -Ela não desviou o
olhar e não tinha cara de quem desistiria fácil.
-O David! Kathy o David foi sequestrado–
Respondi em meio a soluços que se prolongavam com forme o meu choro aumentava.
-O que? – Disse ela com a voz mais
triste, e fraca.
-Eu vi tudo!-
Disse o Yuri.
Meio mancando, fui até o banco mais próximo,
ajeitei meus materiais e alcancei meu celular para Kathy para que ela pedisse
para alguém vir nos buscar. Eu estava tentando ficar o mais calma possível, engoli
alguns choros que fizeram a minha garganta secar aos poucos, tentava ser firme
e direta.
Enquanto
o Yuri foi para diretoria falar com a secretária Selina, a Kathy ligou para o
meu pai e ele já estava a caminho, ela olhou novamente para mim só que dessa
vez ela não conseguiu segurar, uma lágrima percorreu o seu rosto perdidamente
entre as curvas do nariz e a ponta dos lábios. Eu vi seu dedo se direcionar
rapidamente para secar a lágrima. Tentei me levantar aos poucos, e então
busquei as palavras mais confortadoras, como sempre fiz. Sempre fingi ser a
irmã mais velha de Kathy já que ela não tem irmãos e eu sou a mais nova da minha
família. Eu a abracei e então disse que tudo
ficaria bem... Mas nem eu acreditava nisso.