quarta-feira, 3 de outubro de 2012

continuação



 Eu não me movi um instante se quer, olhava fixamente na direção da Ferrari, logo desviei o olhar quando o David apressou seu passo e começou a deslizar entre os carros, vindo em minha direção. Quando eu vi dois caras saírem da Ferrari, eu senti minhas batidas se apressarem, meus sentidos se fortaleceram e eu corri em direção ao David. Um dos caras saiu como um raio do banco da frente, ele tinha cabelos castanho escuros, pele branca como se fosse coberta de neve, usava óculos pretos com um toque de prata, e tinha uma jaqueta preta de nylon. O outro saiu do banco de trás, ele tinha cabelos negros e pele negra, era alto e forte, parecia até poder levantar o David com um dedo. Ele usava um casaco de veludo preto, e uma camiseta branca de algodão em baixo.
 Eu corria apressadamente, enquanto jogava minha mochila e meu celular no chão, David tentou passar por cima de um Jipe, mas o motorista apressado já tinha ligado o carro, e estava arrancando, quando o carro andou, o David foi jogado para trás. Eu ainda corria enquanto ouvia vozes de todos os lados gritando a todo instante para David:
-Maluco! Quer se matar?
-Sai da rua garoto! Está querendo arranjar encrenca é?
-Loucos!! Estão loucos!!
-Quer morrer moleque?
 David se levantava cambaleando aos poucos do impacto que o jipe causara. Sua perna parecia machucada e seus braços estavam arranhados. Os homens estavam mais perto do David ainda, um deles segurou no braço de David fortemente, tive a impressão de que ele balbuciava algumas palavras enquanto o puxava, o outro segurava a gola da camisa do David, e o puxava com mais força. Eu só consegui gritar histericamente enquanto uma lágrima percorria meu rosto.
 -David!! David!!
 O tempo corria, e eu corria também, meus cabelos voavam contra o vento, eu não conseguia pensar em nada, o mundo em volta estava muito lento, quanto mais eu corria, mais longe parecia que eles estavam. Eu pedi algumas vezes licença para a multidão de jovens na minha frente, mas outras vezes eu nem me dei ao trabalho de falar algo. Eu já não enxergava quase nada, corri mais uns passos até que senti o chão diante de mim. Eu havia tropeçado e a única coisa que eu consegui ver na minha frente, foi a Ferrari arrancando sem deixar rastros. Senti minha visão falhar e um raio de luz alcançou os meus olhos.
 Eu sabia que eu estava caída, sabia que eu presenciara um sequestro, mas eu não sabia o que viria a seguir.


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